terça-feira, 2 de junho de 2015




SATURNO, O SENHOR DOS ANÉIS:
UM DEGRAU NA ESCADA PARA O CÉU

Mestre da disciplina e da concentração, rigoroso em relação a distrações ou desperdício de energia, Saturno desempenha um papel fundamental no simbolismo da escada para o céu que faz parte dos Mistérios Mitráicos, da antiga Roma. Dos sete degraus daquela escada, o primeiro corresponde ao “céu de Saturno”, e está a cargo da influência exercida pelo espírito deste planeta.

Em qualquer escada sagrada, o primeiro passo para cima preside a transição entre o plano inferior e o caminho para o céu. De certo modo, o degrau inaugural contém a chave do esforço inteiro. É ele que nos faz confrontar e ultrapassar o limite entre a dimensão material e a caminhada na direção do mundo divino.

Astronomicamente, os anéis de Saturno marcam a linha média ou limite entre o seu próprio hemisfério superior e seu hemisfério inferior. Saturno é também o planeta que estabelece o limite ou fronteira entre a região “doméstica” e a região “galáctica” do nosso sistema solar.

Mitologicamente, o espírito do planeta dos anéis corresponde ao deus judaico-cristão Jeová. E vice-versa.

Cronos-Saturno, o rigoroso Deus do Paraíso e que preside a Idade de Ouro, tenta preservar a vida espiritual evitando que o eu inferior humano ou personalidade se separe prematuramente da alma imortal. Quando chega o momento da separação e da diferenciação, no final das primeiras raças da atual humanidade, o Senhor Saturniano manda Adão (a humanidade da terceira raça-raiz) para fora do Jardim. Ele ordena que os seres humanos caiam, como requer a evolução, no duro mundo da vida dual e cheia de contrastes (Genesis, 3). Não há castigo, exceto como um símbolo. No momento certo, o reerguimento humano virá como uma necessidade natural da evolução.

Saturno mitológico é o Tempo e o Carma. Ele “devora” os seus filhos (os eus pessoais ou almas mortais). Ao devorá-los, ele os absorve de volta para o descanso na unidade indiferenciada, até que chegue o momento certo para o renascimento. O tempo e o universo são cíclicos. Tudo o que o tempo oferece, ele retira, apenas para oferecer novamente no momento adequado, com melhoras.

O planeta dos anéis tem muitos nomes, e em “Ísis Sem Véu” podemos ler:

“Ilda-Baoth, o ‘Filho da Escuridão’ e criador do mundo material, foi apresentado como morando no planeta Saturno, o que o identifica ainda mais com o Jeová judeu, e era o próprio Saturno, segundo os ofitas, que não lhe atribuíam o nome sinaítico. De Ilda-Baoth emanam seis espíritos, que vivem respectivamente com seu pai os sete planetas.” [1]

No mesmo parágrafo, Blavatsky explica que estes sete planetas e luminares sagrados são Saturno, Marte, o Sol, a Lua, Júpiter, Mercúrio e Vênus. Eles são exatamente os mesmos corpos celestes que formam a escada mitráica para o céu.

H.P. Blavatsky reconheceu o fato de que Saturno é o rei da idade de ouro. [2] Em várias e diferentes tradições, existe uma relação direta entre o despertar da mente mais elevada e o surgimento de eras douradas. No budismo, no Taoísmo e em outras religiões, o ouro (assim como o Sol e a cor amarela) simboliza a consciência divina da alma espiritual. A era de ouro é marcada pela atividade de buddhi-manas, ou inteligência universal, e há uma ligação direta entre Saturno e esta mente mais elevada.

(Carlos Cardoso Aveline)

NOTAS:

[1] “Isis Unveiled”, H.P.B., Theosophy Company, Los Angeles, Volume II, p. 294. Veja outra tradução do mesmo trecho em “Ísis Sem Véu”, H. P. B., Ed. Pensamento, volume III, p. 260.

[2] “Isis Unveiled”, obra citada, volume II, pp. 216. Na edição brasileira de “Ísis Sem Véu”, ver volume III, p. 194.

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Reproduzido do artigo "O LADO LUMINOSO DE SATURNO", de CCA. O texto está disponível em nossos websites associados. Um dos seus links é :http://www.helenablavatsky.net/2012/10/o-lado-luminoso-de-saturno.html .

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