domingo, 7 de junho de 2015

A rã e a tartaruga




CONVERSA ENTRE A RÃ E A TARTARUGA

Uma história - (...) atribuída a Chuang-Tzu e da qual há várias versões mais ou menos livres - narra o diálogo de uma rã com uma tartaruga marinha.

“Que grande vida levo eu!” disse a rã, que morava num poço relativamente raso. “Salto ao parapeito do poço e descanso no buraco de uns tijolos quebrados. Ao nadar, mantenho a boca quase à linha da água. Quando vou visitar a lagoa rasa perto daqui, percebo que sou superior a todos os caracóis, sapos pequenos, caranguejos e insetos que vejo à minha volta.”

Convidada insistentemente para visitar a rã, a tartaruga concordou um dia em ir até a lagoa. Não gostou muito do que viu, mas evitou fazer críticas. Semanas depois, conversando com a rã na beira da praia, a tartaruga falou do mar:

“Mil quilômetros não servem para medir sua largura, e mil metros não medem sua profundidade. Tempos atrás, houve nove anos seguidos de inundações, e isto não aumentou o seu volume. Depois houve sete anos de seca, e isso não fez com que suas praias baixassem. O mar não é afetado pelo aumento ou diminuição das águas. Nem pela passagem do tempo. ”

Qual é a moral da história, neste caso?

A rã e a tartaruga são dois níveis de consciência da alma humana. Por um lado, aquele que busca a Verdade ainda está, em parte, preso à poça d’água de pequenas coisas da vida diária - com suas esperanças, seus medos, apegos, satisfações e insatisfações de curto prazo. De outro lado, ele já conhece aquele oceano de sabedoria interior em que pode nadar e flutuar sem esforço, e onde moram a paz e a liberdade imensas da tartaruga.

Este animal, aliás, vive mais de um século e simboliza a sabedoria universal porque não se deixa levar pelas coisas de curto prazo.

Até certo ponto, é verdade que os seres humanos tentam ser felizes apegando-se como rãs às suas pequenas poças d’água. Mas eles também são capazes de desenvolver em seus mundos pessoais o ponto de vista da alma imortal, e passar a viver em escalas cada vez mais amplas de espaço e tempo. O forte contraste entre a poça d’água e o oceano serve para testar o discernimento de quem deseja aprender sobre a vida.

(Carlos Cardoso Aveline)

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Reproduzido do artigo "No Tempo Em Que Os Animais Falavam", de CCA. O texto está disponível emwww.FilosofiaEsoterica.com e seus websites associados. 

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